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Probióticos e Depressão: A Influência da Saúde Intestinal no Bem-Estar Mental

  • Foto do escritor: Dr. Jinhui Cai
    Dr. Jinhui Cai
  • 10 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

A influência da saúde intestinal na saúde mental
Saúde Intestinal, Probióticos e Depressão: Uma Nova Abordagem Terapêutica


A relação entre o intestino e o cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro, tem sido cada vez mais investigada nas últimas décadas. Um aspecto central dessa relação envolve o papel dos probióticos, micro-organismos vivos que, quando ingeridos em quantidades adequadas, trazem benefícios à saúde do hospedeiro. Recentemente, estudos vêm sugerindo que os probióticos podem desempenhar um papel importante no tratamento de transtornos de saúde mental, como a depressão.


O Eixo Intestino-Cérebro

O intestino humano contém trilhões de micro-organismos, conhecidos coletivamente como microbiota intestinal. Estes micro-organismos têm um papel crucial na digestão, na modulação do sistema imunológico e na produção de neurotransmissores como a serotonina, conhecida como o "hormônio da felicidade". Aproximadamente 90% da serotonina do corpo é produzida no trato gastrointestinal, e a comunicação entre o intestino e o cérebro ocorre por meio de vias neurais, endócrinas e imunológicas.


Essa interação complexa sugere que a microbiota intestinal pode influenciar o humor, o comportamento e a cognição. E o desequilíbrio da flora intestinal, causado pelo estresse do dia a dia, pela ausência de sono, alimentação desregrada, entre outros, libera no sangue uma substância chamada citocina, que causa uma inflamação cerebral crônica e afeta a serotonina, dopamina, noradrenalina, levando à perda de funcionamento de áreas cerebrais.


Diversas condições psiquiátricas, incluindo a depressão, têm sido associadas a alterações na microbiota intestinal, o que abriu caminho para o estudo dos probióticos como uma potencial intervenção terapêutica.


A Depressão e a Neuroplasticidade do Cérebro

A depressão não é apenas uma alteração química no cérebro, ela é uma alteração da neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de aprender, adaptar-se e reorganizar-se, relacionada às células nervosas e às sinapses. Quando as sinapses estão lentas, tem-se a falta de prazer, o excesso de pensamentos negativos, as dificuldades de concentração, a falta de vitalidade.


No entanto, novas sinapses podem ser produzidas durante a vida inteira e os probióticos podem ajudar na construção dessas novas sinapses e no reequilíbrio da neuroplasticidade, atacando a inflamação cerebral com consequente resultado positivo no tratamento contra a depressão.


Probióticos e Saúde Mental

Os probióticos, especialmente os das famílias Lactobacillus (Lactobacillus Casei e Lactobacillus Acidophilus) e Bifidobacterium, têm mostrado efeitos promissores no alívio dos sintomas de depressão em modelos animais e humanos. Estudos indicam que a administração de certas cepas probióticas pode reduzir a inflamação sistêmica, que é uma característica comum em pessoas com depressão. Conforme já abordado, a inflamação crônica está associada à disfunção dos neurotransmissores, incluindo a serotonina e a dopamina, que desempenham um papel crucial no humor e nas emoções.


Além disso, os probióticos podem aumentar a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que são metabólitos produzidos pelas bactérias intestinais e têm um efeito anti-inflamatório. Esses ácidos graxos também podem melhorar a função de barreira do intestino, prevenindo o "intestino permeável", que pode permitir a entrada de toxinas e desencadear inflamações no corpo, inclusive no cérebro.


Evidências Científicas

Estudos clínicos com humanos estão começando a confirmar o potencial dos probióticos no tratamento da depressão. Um estudo de 2016 publicado no Journal of Translational Psychiatry mostrou que pessoas com depressão que tomaram probióticos por oito semanas apresentaram uma melhora significativa nos sintomas em comparação ao grupo placebo. Outro estudo, realizado em 2017 e publicado na Gastroenterology, encontrou uma correlação entre a melhora do humor e a ingestão de probióticos em pessoas com síndrome do intestino irritável (SII), uma condição frequentemente associada à depressão.


Embora essas pesquisas sejam promissoras, ainda há muito a ser descoberto sobre quais cepas de probióticos são mais eficazes, as doses adequadas e a duração ideal do tratamento. Cada pessoa possui uma microbiota única, e as interações entre probióticos e o ambiente intestinal podem variar consideravelmente.


Perspectivas Futuras

Os probióticos representam uma abordagem inovadora e potencialmente revolucionária no tratamento de distúrbios de saúde mental, como a depressão. No entanto, é fundamental que essa intervenção seja utilizada como complemento a terapias tradicionais, como a psicoterapia e o tratamento medicamentoso, e não como substituto.


Mais estudos clínicos são necessários para esclarecer a eficácia dos probióticos no tratamento da depressão, bem como para determinar quais cepas e combinações podem ser mais benéficas. À medida que avançamos na compreensão do eixo intestino-cérebro, é possível que no futuro vejamos intervenções mais personalizadas que levem em conta a microbiota de cada indivíduo, oferecendo tratamentos mais eficazes para condições como a depressão.


Conclusão

A conexão entre a microbiota intestinal e o cérebro está lançando uma nova luz sobre a forma como entendemos e tratamos transtornos de saúde mental. Os probióticos, ao modularem o equilíbrio da microbiota, podem representar uma ferramenta valiosa no combate à depressão. Embora mais pesquisas sejam necessárias, os resultados iniciais sugerem que essa intervenção natural pode ser uma adição eficaz aos tratamentos convencionais, contribuindo para uma abordagem mais holística e integrada da saúde mental.

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